22 agosto 2006

Sandokai - 5º Comentário de Deshimaru

Um dia, um monge feriu seu pé no caminho. Sua unha foi arrancada e a dor era muito forte. “Ai! Ai! De onde vem esta dor?”. E voltou ao templo de onde havia partido. Um outro monge lhe perguntou: “Porque tu voltaste? Porque tu regressas? Renunciaste à tua viagem?” Ele respondeu: “Bodhidharma não veio do Leste, Eka não se foi ao Oeste, e eu estou contente...”
Tudo é semelhante. O cosmo inteiro é desprovido de fronteiras e nacionalidades. Bodhidharma mora no cosmo e não é preciso distinguir o Sul e o Norte. O espírito tem a natureza do Buda, sem começo nem fim, ilimitado.
Se compreendemos conscientemente a natureza do Buda, há dualidade. Se os Budas tornam-se Budas, eles não podem ter a sensação de ser Buda. Quando nos tornamos objetivamente Buda, não podemos senti-lo. A natureza do espírito de Buda apenas se realiza quando nós o esquecemos. Neste instante preciso, somos autenticamente Buda. Os seres que se esquecem que são Budas são superiores àqueles que têm uma convicção pessoal. É por isso que digo sempre: mushotoku, sem finalidade... mas Hishiryo, além do pensamento e do não-pensamento.
A galinha e o ovo são diferentes. A galinha não está no ovo e o ovo não é a galinha. Mas, ao final, o ovo se transforma em pinto. A galinha, com seu bico, bate na casca do ovo e, simultaneamente, de dentro, o pinto lhe responde. A mãe bate, o pequeno responde, a casca se quebra e o pinto vê o dia. O pinto não sabe nada de ovo e o ovo não tem consciência do pinto. No entanto, houve uma mudança, um pinto nasceu.
A fé entre discípulo e o Mestre é fundamental. O Mestre observa seu discípulo do alto da cabeça até a ponta dos dedos do pé, passando até pelo ânus! De seu lado, o discípulo compreende tudo do Mestre: é a verdadeira fé. De Buda a Buda. I shin den shin.

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