11 junho 2011

Em cima da sela, ninguém,
embaixo da sela, nenhum cavalo.

Fukanzazengi - 32º Comentário de Coupey

O zazen não é “meditação passo-a-passo.” Ao invés, é tão somente a agradável e fácil prática do Buda, a realização da sabedoria do Buda. Eis que aparece a verdade, não mais havendo ilusão. Se isto chegarmos a entender, estaremos completamente livres, como um dragão que obteve água, ou um tigre reclinado na montanha. A lei suprema aparece sozinha, e eis que nos acharemos por completo libertos de todo tipo de cansaço, bem como de qualquer tipo de confusão.

O zazen não é um exercício, nem evidentemente uma ginástica. Não é uma arte marcial, nem yoga, nem nehuma outra meditação. Não é um remédio para a saúde ou bem-estar. Zazen não é um treinamento nem um aprendizado - o que afinal se quer saber além de encolher o queixo e esticar a coluna vertebral? Apesar do que afirmam vários mestres, entre os quais mestres zen, não existem etapas a vencer. Não se avança nem se recua. Simplesmente fazemos parte da ordem cósmica. Muitas escolas de outras linhagens zen servem-se de graus como se fosse uma cenoura para fazer o burro andar. Se você praticar dez anos, você é um taiko. Se praticou vinte, um godo, um mestre, um roshi... Você recebeu o primeiro grau de shiho, o segundo, o terceiro... De acordo, é assim que funcionamos, mas do ponto de vista do caixão, nada disso importa.

Mais simplesmente ou mais profundamente, zazen é nossa busca pessoal que toca o âmago do corpo e da mente. E é o ponto mais importante: voltar à mais elevada busca espiritual que existe em nós mesmos, e em todos os seres humanos. O Mestre Deshimaru dizia, "regressar à investigação original mais elevada do homem". E, para o Mestre Kodo Sawaki, "zazen realiza o aspecto, o si de buda [poderíamos dizer a condição original] com o corpo pessoal de um ser humano. Uma nova vida depende de zazen".