10 março 2014

O que é Zen (4): Postura, respiração, o Eu original


Postura


Sua postura ao sentar-se é de vital importância. Sente-se no terço anterior de sua almofada ou cadeira, de modo que seus quadris estejam acima de seus joelhos e que seu abdômen esteja livre para se mover para dentro e para fora sem forçar a parte inferior das costas. Suas orelhas devem estar alinhadas com os ombros, sua cabeça equilibrada delicadamente em seu pescoço, seus olhos ligeiramente abertos, olhando para baixo a cerca de um metro à sua frente. Seu queixo não está apontando nem para cima nem para baixo, mas está ligeiramente inclinado para dentro.  Coloque a ponta da língua logo atrás dos dentes no céu de sua boca. Balance de um lado para o outro até encontrar o seu centro.

A respiração


Agora preste atenção na respiração. Respire naturalmente. Inspirando, deixe a respiração entrar completamente no seu corpo até que seu abdômen inferior  se expanda e, então, expirando suavemente, deixe o ar escapar através de suas narinas. Observe como a respiração parece viajar pelas principais avenidas de seu tronco. Sua barriga deve se distender e retrair naturalmente com cada respiração. Deixe a respiração encher seu abdômen como se fosse um balão. Mais tarde, você poderá notar que até mesmo as plantas de seus pés estão inspirando e expirando. Quando você relaxar na respiração, você pode começar a contar silenciosamente cada ciclo completo de respiração, contando "um" na expiração, "dois " na próxima expiração, e assim por diante até "dez". Quando atingir o "dez", recomece com o "um”. Quando você perceber que você parou de contar, e for pego pensando, simplesmente inspire novamente e volte para o "um".

O Eu original


No Genjokoan (Realizando o ponto fundamental , Mestre Zen Dogen escreveu:

Quando procuramos o Dharma pela primeira vez, estamos longe
de seus arredores.
Quando já tenhamos transmitido corretamente
o Dharma para nós mesmos, somos nosso eu original
naquele momento.


O ensinamento de Dogen Zenji nos recorda nossa separação inicial do que é nosso. Quando começamos a procurar o Dharma, há um "eu" que o procura  “por ali”. Mas o Dharma já vive em nós, e requer apenas que dele nos demos conta. É o que ele quer dizer na segunda frase: "tenhamos transmitido corretamente o Dharma para nós mesmos”, somos nosso eu original naquele momento.

Eu acho que todos nós ansiamos por sentirmo-nos  como um todo e completos, em viver nossas vidas plena e vigorosamente, a cada momento. Mas algo nos bloqueia. O treinamento Zen é uma forma de vermos que, o tempo todo, nós temos o que precisamos. Isto é chamado a realização do eu original.
(Roshi Pat Enkyo O’Hara)