04 outubro 2011

O sapo e a lagoa

Bucchô, do mosteiro de Komponji, um monge de amplas leituras e profundas luzes, tornou-se o professor de Bashô. Indo ao templo de Chokeiji, em Fukagawa, perto de Edo, um dia, ele visitou o poeta, acompanhado por um homem chamado Rokusô Gohei.

Este, ao entrar no quintal da choça de Bashô, gritou:

-Como vai a lei de Buda neste jardim quieto com suas árvores e ervas?

Bashô respondeu:

- Folhas grandes são grandes, folhas pequenas são folhas pequenas.

Bucchô,então, aparecendo, disse:

- De uns tempos pra cá, qual tem sido seu empenho?

Bashô:

-A chuva em cima, a grama verde está fresca.

Então, Bucchô perguntou:

-O que é que era esta Lei de Buda, antes que a grama verde começasse a crescer?

Neste momento, ouvindo o som de um sapo que pulava na água, Bashô exclamou:

-O som do sapo saltando na água.

Bucchô ficou cheio de admiração a esta resposta, considerando-a uma evidencia do estado de iluminação atingido por Bashô. 

Deste momento, data esta microilíada zen, o mais célebre haikai, o mais lembrado poema da literatura japonesa, isto de Bashô:


Velha lagoa
 O sapo        salta
          O som da água

             (Bashô e Leminski, apud Tatiane Sousa, 2007)

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