21 novembro 2011

Fukanzazengi - 45º comentário de Coupey


Os Budas e patriarcas, tanto neste país, quanto na Índia e na China, todos preservaram cuidadosamente a mente de Buda e incentivaram assiduamente o treinamento Zen. Devemos pois, nos devotar completa e exclusivamente, isto é, estarmos completamente absortos na prática do zazen.

O Fukanzazengi está verdadeiramente escrito para o mundo inteiro e não dirigido para um mundo de clérigos ou monástico. Aqui neste parágrafo, quase o último, Mestre Dogen apresenta ao povo japonês e a todos os povos do mundo, e de todos os tempos, o zen soto que ele recebeu de seu mestre Nyojô na China.

Por exemplo, ele fala nessa passagem que "devemos nos devotar completa e exclusivamente...na prática do zazen". Ele não fala do fato de ter ou não alguém sido ordenado. Ele também não compara o zazen com a meditação de Buda sob a árvore de Boddhi. Ele evoca simplesmente o zazen para todo o mundo, para aqueles, diz ele, que querem estar "completamente absortos na prática do zazen". É shikantaza.

Shi quer dizer "estado de concentração"; kan, "estado de observação"; e taza, "sentar correto, justo". Shikan siginifica, pois, "concentração, observação". Mas não concentração e observação simultâneas. Frequentemente eu ressalto que os mestres zen falam da simultaneidade. Entretanto, não penso que esse seja o caso. Quando vocês estão em concentração, vocês não estão em observação, e vice-versa. Às vezes estamos concentrados em nossa postura, às vezes observamos apenas os pensamentos que nascem e morrem como ondas, sem querer  suprimi-los (pois isso é impossível, como tampouco é possível parar uma onda).

Eis o que o Mestre Nyojô disse um dia a seu discípulo Dogen: "Praticar zazen com um mestre é abandonar o corpo e a mente. É shikantaza, sem queimar incenso, sem veneração, sem recitar o nome de Amitaba, sem ler sutras".

E eis um poema do Eheikoroku:
"Reunidos para o zazen da noite, vemos a manhã chegar.
É a melhor parte enão temos vontade de dormir.
Assim podemos compreender o verdadeiro bendô, a verdadeira prática do Caminho.
Keisei, a voz do vale, chega aos meus ouvidos, a luz da lua vem aos meus olhos.
Também, a propósito do zazen, nada há a que devamos dirigir nossa atenção".

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