03 maio 2011

Fukanzazengi - 29º Comentário de Coupey

Sentemo-nos perfeitamente eretos, nem inclinados para a esquerda, nem para a direita, nem para frente, nem para trás. Nossos ouvidos devem estar no mesmo plano que nossos ombros e os nossos narizes alinhados com o umbigo.


Este não é um método novo, mas um método trasmitido pelos patriarcas e mestres desde os tempos mais remotos até os dias de hoje. Os textos que usamos hoje em dia para descrever essa postura datam de 700 a 800 anos atrás.

Um dia caiu em minhas mãos um pequeno texto do antigo tibetano traduzido para o inglês. Ele conta o ensinamento ministrado por mestre chan (zen) no Tibet nos anos 700, antes que o budismo tibetano existisse. Esse texto não está à venda, ou o encontramos ou não o encontramos, talvez dependa do karma de cada um... Nesse texto lê-se: "Quando vos sentardes, alongai o dorso de tal forma que ele fique reto, não acompanheis vossos pensamentos e praticai tanto quanto possais" - exatamente como falamos hoje nos dojos, 1300 anos mais tarde.

No zazen, portanto, a cintura é esticada, a coluna vertebral ereta, a cabeça bem posicionada sobre os ombros. A bacia é levemente basculada para a frente ao nível da quinta vértebra lombar, isto é, na base da coluna, logo acima do sacro. Nessa região da quinta lombar (a primeira vértebra móvel) situa-se o ponto chave da postura de zazen. A partir desse ponto podemos corrigir nossa postura e, desta forma, criar o equilíbrio perfeito, que permite uma expiração profunda. Os músculos abdominais ficam em expansão, sem crispação, sem relaxamento. E graças a isso, podemos pensar com o corpo.

A língua deve estar colocada contra o céu da boca, e os lábios e dentes firmemente cerrados.

No zazen, a boca fica fechada. Isto parece evidente, mas não é necessariamente assim no começo da prática. Há vinte anos atrás eu achava que essa atitude - a boca fechada e os dentes se tocando - criava uma rigidez no maxilar, mas mudei meu ponto de vista. Pois quando esticamos inconscientemente a nuca para o alto, mantendo o queixo levemente para dentro, os dentes se tocam. Ao contrário, praticar com a boca aberta, ou com a boca fechada com os maxilares abertos, não é uma postura de despertar. O mesmo se aplica para os que mantêm a boca aberta e os maxilares afastados. A posição da língua é igualmente importante: algumas pessoas costuma colocar a ponta da língua contra os dentes desde pequenas, o que acaba por torná-las dentuças. Isto também não está certo. A língua deve tocar o palato levemente à frente, com a boca fechada e os dentes se tocando naturalmente.






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