15 junho 2008

Hokyo Zanmai - 9º Comentário de Deshimaru (2ª parte)




"O caminho da serpente na relva,

Apenas a serpente o compreende".



É i shin den shin - de minha alma à tua alma!



Mestre Yoka, que escreveu o Shodoka, era um monge Tendai. Depois de ter estudado o budismo Tendai, Yoka compreendeu finalmente que o verdadeiro budismo se aprendia i shin den shin com um meste autêntico. Foi então visitar o Sexto Patriarca Eno. Chegou fazendo tinir um pequeno sino preso no alto de seu bastão de monge, e postou-se de pé à frente de Mestre Eno.

Eno chamou-lhe a atenção de que um monge deve se comportar bem e que isto é importante.
"Porque estás de pé, com tua bolsa sobre os ombros? Porque manténs teu chapéu de monge na cabeça? Tu estás verdadeiramente muito mal!"
Yoka lhe respondeu:
"Tudo passa depressa. O tempo se acelera. A morte está próxima. Não posso esperar. Preciso resolver, convosco, o problema da vida."
Mestre Eno respondeu-lhe:
"Nossa vida é eterna. Devemos ir além da morte, além da mudança. Porque não fazes isto? Porque não conheces o eterno imutável? É preciso compreender os dois. Tu, tu compreendes apenas o tempo que passa depressa..."
Mas Yoka era muito forte nas discussões e, ao fim, Eno lhe diz:

"Nyoze, nyoze. De acordo, de acordo!"

E concede a autenticação a Yoka, que se enche de alegria.
"Compreendo agora i shin den shin. Posso regressar para minha casa. Agradeço-vos infinitamente, Mestre!"
Eno lhe diz:

"Fica esta noite em meu templo. Porque partes tão depressa?"
E Yoka dormiu aquela noite no templo. Desde então Yoka possui um outro nome: "O satori de uma noite".
Yoka ficou vivamente impressionado com a resposta de Mestre Eno. Essa resposta inspirou o primeiro poema do Shodoka:
"Caro amigo, não vês este homem do satori
que parou de estudar e está inativo?"
Isto quer dizer que o homem do Zen que procura a verdade interrompe os estudos e as ações conscientes, apenas pratica o zazen e, se alguém o observa, responde que tem muito tempo. Ele faz zazen. Senta-se sem se mover.
É-nos necessário ir ao Mui, ao "além", sem artifícios, insconscientemente, naturalmente. Um dia, diante de cerca de 80 000 pessoas, Buda pediu a Vima para fazer um mondo com Manjusri. Vima então perguntou a Manjusri: "O que é Mui?" Manjusri respondeu: "O Buda disse, 'Uma criança é Mui. O mundo de Hishiryo, a condição da consciência de Hishiryo, o espírito de Hishiryo são Mui".

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