15 fevereiro 2014

O que é Zen (2): A Prática



Há um termo na tradição celta que me soa como algo fundamental sobre a prática zen. Os celtas falam de “lugares finos”, lugares como cavernas ou poços ou outros locais especiais, onde a fronteira entre o mundano e mágico é permeável. Para mim, a prática Zen oferece um tipo de “lugar fino”, um “lugar” onde podemos descobrir que não há, fundamentalmente, nenhuma separação entre nós e os outros; que o que buscamos está sempre muito perto, sempre bem aqui. Narra a parábola da casa em chamas do Sutra do Lótus, que a única saída para a nossa ganância, raiva e ignorância é através de uma “porta estreita”. A porta estreita, o “lugar fino”, ou qualquer uma de inúmeras metáforas, nos aponta no sentido da nossa própria realização. Uma porta, um portão, ou um limiar, indica que há esforço, movimento, investimento na transformação.


No coração da prática do Zen está o zazen, a meditação sentada. Um mestre disse que escutar e pensar são como estar do lado de fora do portão, e que o zazen é como voltar para casa e sentar-se em paz. O zazen é realmente uma prática muito simples e não requer instruções complicadas. Quando estudamos os antigos manuais de meditação Zen, sempre nos surpreendemos como são breves e simples. Ao mesmo tempo em que falam da possibilidade de alcançar a liberdade e naturalidade de um tigre nas montanhas ou de um dragão na água, as instruções reais são muito concretas. Sentar na postura correta e cuidar do corpo, da respiração e da mente.
(Roshi Pat Enkyo O’Hara)

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