02 março 2008

Hokyo Zanmai - 6º Comentário de Deshimaru

Retratá-lo de modo literário,
é enchê-lo de sujeiras.



Pensar com sua consciência subjetiva pessoal é bonno, ilusão. Pensar inconscientemente, naturalmente, automaticamente (esses pensamentos que surgem do subconsciente) é igualmente ilusório. Mas esses pensamentos pertencem ao domínio do Hishiryo. Em zazen, às vezes, pensamos por nós mesmos, as ilusões surgem, e às vezes não há pensamento algum.
Durante toda a sua vida, em sua barcaça, Tokujo encontrou diversas pessoas, muitas delas tinham fisgado o anzol de sua vara de bambu. Mas, empurradas por suas ilusões, quebravam a vara querendo se livrar do anzol. Assim, incansavelmente, Tokujo ia à floresta cortar outras. E, im dia, Kassan chegou ao rio, mordeu o anzol, e foi aquele grande mondo. As respostas de Kassan, apesar de sua aparente exatidão, não estavam corretas. Deviam, por isso, brotar de suas vísceras, do fundo dele mesmo. Assim são as respostas zen.

Na matemática, o zero não pode gerar nenhum sistema numérico, enquanto qualquer outro número pode ser escolhido como base de um sistema numérico. Por exemplo, dez é a base do sistema decimal. Não importa qual vetor não nulo gera uma reta vetorial, enquanto que um vetor nulo não pode gerar outro espaço senão aquele que lhe contém. Mas, no budismo, notadamente no Shin Jin Mei, o um é igual ao todo, e as hipóteses tornam-se nulas. É ainda análogo ao Shiki soku ze ku e o Ku soku ze shiki do Hannya Shingyo. "A forma é o vazio e o vazio é a forma". No Shin Jin Mei encontramos Issai Soku. "O um é igual ao todo. O todo é igual ao um".

Pode-se dizer também:

"Tudo é nada. Nada é tudo.
A existência é Mu, nada.
O nada é a existência.
Buda é um ser comum.
Um ser comum é Buda".

Nenhuma separação:

"Deus é você.
Você próprio é Deus".

Nenhuma diferença:

"A fé é a não dualidade.
A não dualidade é fé".

A fé, em todas as coisas, é muito importante. Se não surge nenhuma dúvida na consciência pessoal, esta desaparece. Em conseqüência, na vida quotidiana, a partir da consciência cósmica, a prática de todas as coisas torna-se possível. Esta prática torna-se ela mesma satori. E não há nehuma oposição, nenhuma separação entre a prática e o satori.

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