Nos quatro versos que comento e nos seis abaixo, Sekito explica a realidade de duas formas: uma é a independência, a outra é a dependência. Ele fala primeiro da verdade da independência. Embora existam quatro elementos, esses quatro elementos retomam suas naturezas originais. Embora existam muitas coisas, cada uma delas é independente. Uma criança, ainda que tenha uma mãe, é independente. O fogo é independente na sua natureza do calor, o vento é independente na sua natureza do movimento, a água é independente na sua natureza da umidade e a terra é independente na sua natureza da solidez. Cada coisa é independente.
Gostaria de ler os versos para a próxima palestra para que vocês compreendam melhor os versos desta palestra.
Olho e visão, ouvido e som,
nariz e cheiro, língua e paladar.
Assim para cada e todas as coisas,
vivendo dessas raízes, as folhas se espalham.
Tronco e galhos compartilham a essência;
venerado e comum, cada um tem sua fala.
Estes versos expressam a compreensão do que chamo de "independência". Cada um de vocês é independente, mas se relacionam uns com os outros. Ainda que vocês estejam relacionados uns com os outros, vocês são independentes. Vocês podem dizer isto das duas maneiras. Vocês compreendem? Geralmente quando dizemos "independente", não temos idéia de dependente. Mas isto não é a compreensão budista da realidade. Nós sempre tentamos compreender as coisas completamente de forma que não fiquemos embaralhados. Não devemos ser confundidos por "dependência" ou "independência". Se alguém disser, "Tudo é independente", nós dizemos, "OK, é assim". E se alguém disser, "As coisas estão inter-relacionadas", também é verdade. Assim, o que quer que você diga, está certo. Mas se alguém se agarra à idéia da independência apenas, nós lhe dizemos, "Não, você está errado". Há muitos koans como isto. Por exemplo: "Se o fogo cármico final tudo queima, quando existirá a natureza buda?" Às vezes o professor responderá, "Sim, ela existirá". Mas em outra ocasião dirá, "Não, ela não existirá". Ambas as respostas são verdadeiras. Alguém pode perguntá-lo, "Então porque você disse que existirá?" Essa pessoa levará um belo tapa. "O quê que você está pensando? Não me entende? Que a natureza buda não existirá, está correto, e que ela existirá está também correto".
Gostaria de ler os versos para a próxima palestra para que vocês compreendam melhor os versos desta palestra.
Olho e visão, ouvido e som,
nariz e cheiro, língua e paladar.
Assim para cada e todas as coisas,
vivendo dessas raízes, as folhas se espalham.
Tronco e galhos compartilham a essência;
venerado e comum, cada um tem sua fala.
Estes versos expressam a compreensão do que chamo de "independência". Cada um de vocês é independente, mas se relacionam uns com os outros. Ainda que vocês estejam relacionados uns com os outros, vocês são independentes. Vocês podem dizer isto das duas maneiras. Vocês compreendem? Geralmente quando dizemos "independente", não temos idéia de dependente. Mas isto não é a compreensão budista da realidade. Nós sempre tentamos compreender as coisas completamente de forma que não fiquemos embaralhados. Não devemos ser confundidos por "dependência" ou "independência". Se alguém disser, "Tudo é independente", nós dizemos, "OK, é assim". E se alguém disser, "As coisas estão inter-relacionadas", também é verdade. Assim, o que quer que você diga, está certo. Mas se alguém se agarra à idéia da independência apenas, nós lhe dizemos, "Não, você está errado". Há muitos koans como isto. Por exemplo: "Se o fogo cármico final tudo queima, quando existirá a natureza buda?" Às vezes o professor responderá, "Sim, ela existirá". Mas em outra ocasião dirá, "Não, ela não existirá". Ambas as respostas são verdadeiras. Alguém pode perguntá-lo, "Então porque você disse que existirá?" Essa pessoa levará um belo tapa. "O quê que você está pensando? Não me entende? Que a natureza buda não existirá, está correto, e que ela existirá está também correto".
Do ponto de vista da independência, tudo existe com natureza buda o que quer que aconteça a este mundo. Mas mesmo assim, nada existe quando observado do ponto de vista da escuridão profunda ou do absoluto. O que existe é o nada, ou a escuridão, onde as múltiplas coisas existem como apenas uma. Muitas coisas existem, mas não há nada que você possa ver ou dizer sobre elas. Não há maneira de compreender as coisas explicando-as individualmente. Isto é apenas uma descrição intelectual. Devemos ter um sentimento real sobre elas também.
Se você apreciar simplesmente cada coisa, uma a uma, você terá uma pura gratidão. Mesmo quando você observa uma flor apenas, aquela única flor inclui tudo. Não é apenas uma flor. É o absoluto, é o próprio Buda. Nós a vemos deste modo. Mas ao mesmo tempo, o que existe é apenas uma flor, e não ninguém para vê-la e nada para ser visto. Este é o sentimento que devemos ter na nossa prática e na nossa atividade quotidiana. Assim, o que quer que você faça, você terá um sentimento de pura gratidão.
Quando pensamos sobre algo em termos de dualidade, nós observamos e compreendemos intelectualmente. Ainda assim é importante não nos agarrarmos às nossas idéias. A compreensão que obtivermos poderá ser aprimorada dia a dia pelo nosso pensar puro não dual. Dizemos, "Não se pode pescar um peixe duas vezes no mesmo lugar". Hoje podemos ter a sorte de pegar um peixe grande num certo lugar, mas amanhã devemos pescar em algum outro lugar. Temos também o ditado, "Chanfrar a amurada do barco para marcar sua própria localização". O barco está se movendo, mas você chanfra a amurada para lembrar-se do lugar: "Oh, havia algo belo e devemos nos lembrar dele". Chanfrar não ajuda porque o barco está se movendo sempre. Mas fazemos isto do mesmo modo. Este é um bom exemplo da mente pensante. Ele evidencia nossa idiotice e nos sugere o que é a vida budista. Vocês conhecem a velha história chinesa do caçador que vê um coelho correr para um toco de árvore? Ele volta no dia seguinte e espera um outro coelho correr para o mesmo toco. Isto é uma grande bobagem. Se vier um coelho, somos muito sortudos. Se não vier, não deveríamos nos queixar. Deveríamos apreciar o que vemos aqui, agora mesmo. "Oh, que bela flor!" Deveríamos apreciá-la plenamente. Mas não devemos chanfrar a amurada do barco.
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