Geram uma oposição,
Mas dependem uma da outra como
O passo da perna direita depende do passo da perna esquerda.
Quando a luz enfrenta a escuridão, toda a escuridão torna-se luz, não há mais escuridão.
A escuridão ao enfrentar a luz, a luz escurece, não há mais luz.
Os afluentes barrentos fluem para o oceano e a água ficará suja. O grande rio amarelo se derrama no mar da China que fica da mesma cor. Onde se encontra a água pura do mar da China?
Viver, nós olhamos apenas nossa vida.
Morrer, nós contemplamos apenas a morte.
A vida difere da morte. A lenha transforma-se em cinzas. Quando a lenha vira cinzas, as cinzas não podem transformar-se em lenha. Apesar disto, não se deve afirmar que aquilo são cinzas depois e lenha antes. É preciso perceber claramente que, ainda que a lenha se situe na etapa dármica de lenha, e ainda que este estado traga em si um antes e um depois, a lenha está além do antes e do depois. Do mesmo modo, as cinzas são cinzas, e têm um antes e um depois.
A lenha não pode retornar ao estado de lenha depois que o fogo a reduziu a cinzas. Do mesmo modo, o homem não pode regressar à terra depois de morto.
À luz desta observação, o budismo não ensina de maneira alguma que morte torna-se vida. Ele fala do não-nascido e da não-extinção. A vida é uma etapa, a morte é uma etapa, como o são também a primavera e o inverno: não se diz que o inverno torna-se primavera ou que a primavera torna-se verão (Dogen, Genjo koan).
No ato de caminhar, o primeiro passo nunca se torna o segundo passo. O primeiro passo é apenas o primeiro passo. O passo da direita não pode ser o passo da esquerda e vice-versa. A direita não pode tornar-se esquerda. Tais são as relações entre a luz e a escuridão. Na noite, tudo é escuro, as existências estão presentes, mas não se pode vê-las. Não há perna esquerda. Durante o dia, tudo é claro, tudo é aparente, não há perna direita. Na escuridão, apenas o escuro existe. Tudo está escondido. Tudo existe. Nada pode ser visto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário