Bucchô, do mosteiro de Komponji, um monge de amplas leituras e profundas luzes, tornou-se o professor de Bashô. Indo ao templo de Chokeiji, em Fukagawa, perto de Edo, um dia, ele visitou o poeta, acompanhado por um homem chamado Rokusô Gohei.
Este, ao entrar no quintal da choça de Bashô, gritou:
-Como vai a lei de Buda neste jardim quieto com suas árvores e ervas?
Bashô respondeu:
- Folhas grandes são grandes, folhas pequenas são folhas pequenas.
Bucchô,então, aparecendo, disse:
- De uns tempos pra cá, qual tem sido seu empenho?
Bashô:
-A chuva em cima, a grama verde está fresca.
Então, Bucchô perguntou:
-O que é que era esta Lei de Buda, antes que a grama verde começasse a crescer?
Neste momento, ouvindo o som de um sapo que pulava na água, Bashô exclamou:
-O som do sapo saltando na água.
Bucchô ficou cheio de admiração a esta resposta, considerando-a uma evidencia do estado de iluminação atingido por Bashô.
Deste momento, data esta microilíada zen, o mais célebre haikai, o mais lembrado poema da literatura japonesa, isto de Bashô:
Velha lagoa
O sapo salta
O som da água
(Bashô e Leminski, apud Tatiane Sousa, 2007)
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