Nos anos 700, na época quando os tibetanos ainda não haviam decidido que direção tomar, eles estudavam os ensinamentos contidos em um pequeno panfleto de Bodhidharma. Eles achavam aquele panfleto interessante, mas curioso. O mestre chinês que, naquela época, defendia aquele ensinamento, Ha-shang (ele tinha um dojo em Lhasa), falava sempre do despertar, do satori imediato, aqui e agora, exatamente o que ensinamos hoje em dia. Um dia, aquele ensinamento chegou aos ouvidos do rei. Ora, àquela época, no Tibete, existiam também outras práticas budistas como aquelas da escola indiana, diferentes do zen de Bodhidharma. O rei, desejando saber qual dos dois era o melhor ensinamento (chinês ou indiano), mandou vir um mestre budista indiano (chamado Kamalasila) a Lhasa, a capital. O ensinamento do mestre indiano era o ensinamento chamado gradual, baseado no estudo aprofundado dos sutras. O rei pediu que os dois mestres travassem um debate sobre o tema. O indiano falou longamente do despertar progressivo obtido pelo estudo e por uma prática baseada no estudo dos sutras. Depois que aquele mestre terminou sua exposição, o mestre chinês Ha-sang levantou-se. Fez gasshô para o rei e também para o mestre indiano. Depois se despiu sem dizer uma só palavra. Mas os tibetanos não estavam preparados para receber aquele ensinamento imediato... e o mestre chinês foi obrigado a deixar o Tibete. Então, desde aquele dia. O ensinamento no Tibete é gradual. O que significa o gesto de Ha-shang? Ha-shang retirando suas roupas é como Gutei levantando seu polegar ou Tanka queimando a estátua de Buda.
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