17 agosto 2009

Zazen

Meia-noite é a verdadeira luz,
A alvorada não é clara.

Isto quer dizer que tudo o que apreendemos na nossa consciência pessoal por nosso ego, por nossas categorias mentais, é turvo, embaçado, artificial. A verdadeira luz apenas surge no silêncio interior, na ausência de opinião, no recolhimento e na renúncia de si-mesmo.

É por isso que não devemos apegar-nos às idéias que nos atravessam, às impressões. É por isso que não se deve tentar construir qualquer coisa. A única verdadeira clareza, a da meia-noite, é aquela que se expressa espontaneamente, naturalmente, quando se deixa de lado qualquer interferência.

O sentido próprio dessa frase é a realidade autêntica, essencial do zazen, de nossa prática. É por isso que em zazen, podemos descarregar o nosso fardo, podemos esquecer as nossas tristezas, todos os nossos esforços, toda a nossa ansiedade. Basta estarmos simplesmente presentes em nosso corpo-mente, alerta, desperto.

Meia-noite é a verdadeira luz, a alvorada não é clara.

Isto quer dizer que estamos completamente livres, desobrigados da necessidade de obter, de conseguir qualquer coisa pelo nosso esforço pessoal, por nossa vontade, por nossa intenção. Isto não depende de nós. Precisamos apenas investir na postura, corpo e espírito unificados. Isto, sim, cada um de nós consegue fazer o melhor que pode.

Alongar a região lombar, esticar a coluna, puxar o queixo, empurrar o céu com a cabeça, relaxar as tensões nos ombros e nas costas, colocar as mãos contra o abdome inferior e deixar os cotovelos ligeiramente afastados do corpo, soltar completamente a massa abdominal, deixar a respiração se tornar fluida, ampla e descer abaixo do umbigo com a expiração. Não seguir, não entreter seus pensamentos, não se opor a nada. Assim, espontaneamente, a mente se torna mais clara.
(kusen de Luc Brossard, discípulo de Deshimaru)

Como fazer zazen: http://global.sotozen-net.or.jp/por/how_to_do_zazen.html


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