Há um termo na tradição celta que me soa como algo
fundamental sobre a prática zen. Os celtas falam de “lugares finos”, lugares
como cavernas ou poços ou outros locais especiais, onde a fronteira entre o
mundano e mágico é permeável. Para mim, a prática Zen oferece um tipo de “lugar
fino”, um “lugar” onde podemos descobrir que não há, fundamentalmente, nenhuma
separação entre nós e os outros; que o que buscamos está sempre muito perto,
sempre bem aqui. Narra a parábola da casa em chamas do Sutra do Lótus, que a única
saída para a nossa ganância, raiva e ignorância é através de uma “porta
estreita”. A porta estreita, o “lugar fino”, ou qualquer uma de inúmeras metáforas, nos aponta no sentido da nossa própria realização. Uma porta, um portão, ou um
limiar, indica que há esforço, movimento, investimento na transformação.
No coração da prática do Zen está o zazen, a meditação
sentada. Um mestre disse que escutar e pensar são como estar do lado de fora do
portão, e que o zazen é como voltar para casa e sentar-se em paz. O zazen é
realmente uma prática muito simples e não requer instruções complicadas.
Quando estudamos os antigos manuais de meditação Zen, sempre nos surpreendemos como são breves e simples. Ao mesmo tempo em que falam da possibilidade de
alcançar a liberdade e naturalidade de um tigre nas montanhas ou de um dragão
na água, as instruções reais são muito concretas. Sentar na postura correta e cuidar
do corpo, da respiração e da mente.
(Roshi Pat Enkyo O’Hara)
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