29 julho 2013
11 julho 2013
A realidade é tudo que temos
A realidade é tudo o que temos. Mas aqui está o verdadeiro segredo, o verdadeiro milagre: é o suficiente.
Brad Warner
in Hardcore Zen: Punk Rock, Monster Movies and the Truth About Reality
in Hardcore Zen: Punk Rock, Monster Movies and the Truth About Reality
Uncertain Minds: How the West Misunderstands Buddhism - Stephen Batchelor and John Peacock
Stephen Batchelor and John Peacock in dialogue, chaired by Madeleine Bunting, St. Pauls Cathedral, London, 21 March, 2011, as part of the series “Uncertain Minds.”
CONFUSÕES SOBRE A ILUMINAÇÃO
Roshi Joan Halifax's article on enlightenment translated into Portuguese by Dr. Alcio Braz:
Sobre a iluminação: percebo que habitualmente projetamos nossa natureza desperta (e nossos piores aspectos) nos outros. O projeto espiritual humano em sua inteireza é fundamentalmente uma empreitada relacionada com a recuperação de nossas projeções e com a descoberta de quem realmente somos. É frequente demais instalarmos nossa natureza búdica em um professor; então, quando descobrimos que esta pessoa é simplesmente um ser humano, provavelmente com grandes pés de barro, nosso próximo passo é tentar destruí-lo, ou talvez abandonemos o projeto de despertar inteiro. Que desperdício!
O que precisa de desconstrução não é o professor, mas o ego que nos impede de ver nossa natureza básica, quem realmente somos, nem deuses nem anjos, mas seres humanos numa identidade mais ampla do todo.
Como você lembra, eu ressaltei os três estágios na relação aluno/professor: idealização, demonização, normalização. Sugeriria que esses três estágios funcionam nos dois sentidos.......do aluno para o professor, do professor para o aluno. Suponho que não seja diferente entre pais e filhos....... A normalização tem o poder de provocar um relaxamento fundamental dos irritantes e exaustivos processos relacionais de exigir, definir, defender, destruir e distrair em ambos os lados da equação. Para mim isso poderia ser denominado de despertar intersubjetivo. Também é o significado de amar, amar realmente. Não uma experiência mole e pegajosa, mas o tipo de amor que surge a partir de uma visão clara da realidade, incluindo a realidade humana, praticando três coisas no meio disso tudo: percepção clara da catástrofe em sua totalidade, humildade e respeito incondicional.
Talvez você se recorde dos debates que tive recentemente com um grupo em particular acerca de uma tentativa de definir a iluminação. Eu disse: as únicas pessoas iluminadas que conheço estão mortas. Emiti o mesmo comentário recentemente em um encontro de contemplativos e cientistas. (Sim, temos que colocar entre parênteses momentaneamente que somos todos fundamentalmente iluminados e apenas não sabemos disso.) O pensamento da iluminação, entre outras coisas, cria um monte de consumismo, incluindo consumismo egóico. Na minha humilde opinião, acredito que precisamos ser apenas seres humanos sinceros e abertos, e ser assim não é uma tarefa simples, diante de tantos condicionamentos estranhos que temos de desfazer. Essa é pelo menos uma das razões por que praticamos.
10 julho 2013
07 julho 2013
Os três caminhos do mestre Tozan
Tozan Ryokai é um dos mestres mais prestigiosos da linhagem Soto Zen. Além disso é o ideograma To de seu nome que se encontra na palavra Soto que designa a escola. Ele é autor do poema que Hokyozanmai recitado nos templos e desenvolveu o sistema filosófico dos "Cinco degraus" (Go I) que é central no ensinamento zen. Tozan disse:
“Tenho em mim três caminhos: o caminho dos pássaros, o caminho que rasga o céu e as mãos estendidas”.
“Tenho em mim o caminho dos pássaros”.
Os pássaros voam no céu sem deixar traços e ainda assim eles sempre encontram o seu caminho. O caminho dos pássaros é a prática. A prática do zen não deixa traços, zazen é inapreensível, mas quando praticamos sempre encontramos nosso caminho.
“Tenho em mim o caminho que rasga o céu”
“Tenho em mim o caminho que rasga o céu”, que rasga o segredo, que rasga o mistério, que rasga o princípio, que rasga os arcanos do Caminho. Quando abandonamos nosso ponto de vista pessoal, podemos rasgar o mistério. Tudo está absolutamente aí. Podemos ouvir o ensinamento do Desperto, podemos conhecer tudo sem conhecer, é o caminho que rasga o céu.
“Tenho em mim as mãos estendidas”
“Tenho em mim as mãos estendidas”, as mãos estendidas a todos os seres, como os mil braços de Kannon: os braços infinitos de Kannon que se estendem para os infinitos seres que a chamam. Estender as mãos para ajudar os seres que pedem. Não se trata de converter os que não pedem, não se trata de cair nas ilusões dos outros, mas estender as mãos àqueles que estendem suas mãos e juntos encontrar Buda.
A prática, a sabedoria e a compaixão são os três caminhos de Tozan, enroscados como os fios de uma única corda, constituindo o caminho de Buda que desabrocha naturalmente quando começamos a desenrolar esses fios do despertar.
(Pierre Crépon, in L'art du Zazen, 2012)
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