Nosso esforço no Zen consiste em observar tudo como é. Mesmo quando falamos desta maneira, nós não estamos necessariamente observando tudo como é. Nós dizemos, “Aqui está meu amigo, lá está a montanha e, lá em cima, está a lua”. Mas seu amigo não é apenas seu amigo, a montanha não é apenas a montanha e a lua não é apenas a lua. Se pensarmos, “Eu estou aqui e a montanha está lá”, isto é uma maneira dualista do observar as coisas. Para chegar em São Francisco, devemos atravessar as montanhas Tassajara. Esta é nossa compreensão habitual. Mas esta não é a maneira budista de observar as coisas. Bem aqui. Isto é a grande mente dentro da qual tudo existe.
Olhemos agora o título, Sandokai. San literalmente quer dizer “três”, mas aqui significa “coisas”. Do é a igualdade, o mesmo. Para identificar uma coisa com outra é do. Também se refere à “unicidade” ou “o ser total de alguém”, que aqui significa “grande mente”. Assim nosso entendimento é que existe um único ser que tudo inclui, e que as múltiplas coisas são encontradas em um único ser. Embora digamos “muitos seres”, na realidade, eles constituem as múltiplas partes do único ser que inclui tudo. Se você diz “muitos” é muitos. E se você diz “um” é um. “Muitos” e “um” são maneiras diferentes de descrever um único ser. Para compreender completamente a relação entre um único grande ser e as múltiplas facetas deste único ser inteiro é kai. Kai significa cumprimentar com as mãos. Você tem um sentimento de amizade. Você sente como se dois fossem um só. Do mesmo modo, este único grande ser inteiro e as múltiplas coisas são bons amigos, ou mais que bons amigos, porque originalmente eles são apenas um. Portanto, quando nos cumprimentamos, dizemos kai. “Oi, como vai você?” Este é o significado do título do poema. O que é muitos? O que é um? E o que é a unidade de um e muitos?
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