Respeitosamente peço a vós que procurais o caminho,
Não desperdiceis vossos dias e noites em vão.
O que é o Caminho?
Todos os fenômenos que encontramos. Shiki soku ze ku. Isto é a realidade verdadeira. Se não podemos compreender o Caminho pelos fenômenos, ainda que caminhemos bem longe, jamais chegaremos ao caminho. O verdadeiro progresso não depende nem do próximo nem do distante. Quando estamos concentrados na postura, o zazen torna-se eterno, verdadeiro satori. O Caminho não é um objeto externo como, por exemplo, os objetos dos seis sentidos.
O Caminho existe em nosso espírito, não é um objeto. O Caminho existe na fonte de nossa consciência. Quando a fonte de nosso espírito é mal compreendida, existe erro no Caminho verdadeiro. Este ponto é capital.
Se a fonte de nossa consciência se confunde com os objetos que nos cercam, nós nos enganaremos sobre o Caminho. E, ao contrário, se não há erro na fonte da consciência, o Caminho pode realizar-se verdadeiramente.
O Mestre de kendo que é forte espera sem paixão, tranquilamente, de pé, espada sobre os ombros, “como um leão à espreita”. Quando observa seu adversário ou seu parceiro, aquele que é mais fraco não se engana!
Pela prática do zazen tornamo-nos fortes, inconscientemente, naturalmente, automaticamente, sem nenhuma possibilidade de erro sobre as coisas. E devemos compreender que todos os fenômenos tornam-se o Caminho de nossa consciência.
Não compreender é como se encontrar no oceano e pensar que ele está vazio.
Todas as coisas transformam-se no Caminho.
Se duvidardes, não podereis jamais alcançar esse Caminho. Esta compreensão não passa pela inteligência do cérebro frontal. A verdadeira sabedoria está além da inteligência pessoal. A verdadeira sabedoria, nossa intuição, deve ser criada pela condição normal, original, da consciência em zazen. O Zen não faz diferença entre os atos da vida quotidiana e a prática da meditação sentada na postura de Buda.
Como abandonar nossas dualidades, nossas contradições, realizar a unidade?
Como enlaçar as contradições de nosso cérebro e de nossa vida quotidiana?
Como combinar o objeto e o sujeito, a matéria e o espírito, a diferença e a identidade?
É o San Do Kai, a interpenetração do Vazio e dos fenômenos, o Caminho do Zen.